Uma disciplina sem provas, uma aula com jogos, minissérie e mascotes, em que o assunto principal são as emoções. Para muitos isso poderia parecer algo longe de ser parte da grade curricular de uma escola, mas em Curitiba já é realidade. Essa disciplina existe e chama-se LIV – Laboratório Inteligência de Vida. Desenvolvida pelo Grupo Eleva, o LIV é um programa socioemocional que leva para a Escola a responsabilidade compartilhada de ajudar os alunos a entenderem e compartilharem suas emoções. Em Curitiba, a Escola Pedro Apóstolo adotou a disciplina na grade curricular.
“Observamos que as crianças e adolescentes de hoje em dia passam por muitas dificuldades e desafios, que vão desde problemas com a comunicação, o bulying, a falta de iniciativa e coletividade, entre outros. A escola optou por envolver-se mais ativamente porque o mundo mudou e precisamos repensar nosso papel enquanto escola e educadores” conta Carolina Paschoal, diretora da Pedro Apóstolo.
No LIV o foco está no desenvolvimento de habilidades socioemocionais e do pensamento crítico. Ou seja, ele é um programa que envolve, portanto, interações e emoções. “Nossos alunos devem estar preparados para resolver os problemas inéditos que aparecerão ao longo da sua vida para ser um cidadão atuante e responsável. E esses problemas inéditos são os mais variados possíveis, como simplesmente comunicar a professora que esqueceu o lanche em casa ou lidar com a separação dos pais, por exemplo”, completa Carolina, que acredita no papel mais atuante da Escola na formação dos alunos.
O LIV é um programa do Grupo Eleva que pode ser adotado por escolas particulares de todo o Brasil. Para fazer parte do programa, os professores devem passar por uma capacitação, em que são apresentados ao material didático e na técnica da abordagem dos assuntos.
“Assim que tivemos conhecimento deste projeto, tivemos certeza de que ele teria que fazer parte do nosso programa pedagógico. A escola é parte fundamental da vida e formação de crianças e adolescentes e deve ser cada vez mais atuante”, complementa Ana Cláudia Simões, coordenadora pedagógica da Pedro Apóstolo.
Como funciona no dia a dia
Na prática o programa do LIV trabalha com diferentes frentes dependendo da idade do aluno. Do ensino infantil ao 3º ano, as professoras trabalham o Laboratório apresentando essas novas situações para as crianças através de mascotes, que acompanham as turmas ao longo do ano e ainda leitura de livros e dinâmicas em grupos.
No 1º ano do Fundamental 1, por exemplo, o personagem Tomás vivencia várias situações nas quais começa a perceber seus sentimentos. Cada capítulo fala de uma emoção diferente e os alunos podem também compreender quando sentem as mesmas emoções em outros momentos de sua vida. Um dos capítulos trata do sentimento “tristeza”, contando sobre quando o avô do Tomás falece. É normal que algumas crianças fiquem sensíveis ao tratar deste assunto, mas por meio da história do Tomás, elas podem iniciar a compreensão do que é tristeza, do que elas sentem ou já sentiram, considerando que podem passar ou já vivenciaram a perda do avô, avó ou ente querido.
“Nos primeiros anos da escola o objetivo é criarmos um espaço coletivo no qual as crianças saibam que os sentimentos são permitidos. Os alunos são acompanhados por personagens que, ao longo do ano, vivem, sentem e se relacionam com eles. Sendo assim, as crianças entram em contato com o mundo das emoções e dos sentimentos, descobrindo como lidar cm elas”, explica Ana Carolina Artner Bueno, coordenadora do ensino Infantil da Escola Pedro Apóstolo.
Do 4º ano ao 9º ano, o LIV é trabalhado em sala de aula com o apoio de minisséries exclusivas, projetos colaborativos, jogos e leituras para desenvolver habilidades como colaboração, criatividade, proatividade, pensamento crítico e perseverança.
“Quantas vezes alguém já ficou com vergonha de falar em público? Ou então vai mal em uma prova por nervosismo? Um cidadão não se forma apenas por boas notas, mas também por habilidades socioemocionais desenvolvidas. O LIV é um programa muito feliz neste sentido porque prepara e forma melhores cidadão”, comenta Carla Signorin, coordenadora do Ensino Fundamental na Escola Pedro Apóstolo.
Independente do ano escolar, todas as atividades são acompanhadas pelos pais. “Os alunos não fazem prova nesta disciplina, mas periodicamente levam algumas tarefas para fazerem em casa, com os pais, e assim envolver toda a família nesse aprendizado”, explica Ana Cláudia.
Confira a reportagem que a RPC fez sobre a nova disciplina da Pedro Apóstolo: http://g1.globo.com/pr/parana/bom-dia-pr/videos/t/edicoes/v/escola-de-curitiba-oferece-disciplina-laboratorio-inteligencia-da-vida/6637374/